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Artigo publicado por Inês Lima e Beatriz Carvalho

Já ouviste falar em migração climática? Este é um fenómeno que obriga várias pessoas por todo o mundo a abandonar o local em que vivem, de forma temporária ou permanente, devido a condições ambientais extremas que colocam em risco a sua sobrevivência. Alguns dos eventos climáticos responsáveis por migrações são as secas, a desertificação, a subida do nível do mar, as chuvas torrenciais, os deslizamentos de terra e as inundações. Convém também perceber que a migração climática afeta as diversas regiões do planeta de forma diferente, sendo as populações mais vulneráveis às alterações do clima denominadas de MAPA (most affected people and areas).

De acordo com o Relatório Mundial sobre Deslocamento Interno de 2017, existem mais pessoas forçadas a abandonar as suas casas por causa de desastres ambientais do que por conflitos políticos e guerras. E esta é uma ocorrência que tem vindo a aumentar, sendo que, em 2018, foram registados 16,1 milhões de casos de migração climática e, em 2019, esses casos aumentaram para 24 milhões.

Os habitantes das ilhas Carteret (na Papua-Nova Guiné) foram uns dos primeiros casos de migração atribuídos efetivamente às alterações climáticas, já que, em 2002, se viram obrigados a abandonar o arquipélago como consequência do aumento do nível da água do mar. Outros exemplos de deslocados climáticos foram a população africana – sendo que, ao longo das duas últimas décadas, mais de 10 milhões de indivíduos tiveram de migrar devido à desertificação – e a população chinesa – que, em 2016, contava com cerca de 7 milhões de migrações associadas à degradação ambiental.

Atualmente, as regiões em maior risco englobam a África Subsaariana, o Leste Asiático e o Sul da Ásia, segundo o Relatório Groundswell 2.0, publicado pelo Banco Mundial, em 2021. O mesmo relatório prevê que, no total, mais de 200 milhões de pessoas serão forçadas a migrar até 2050 devido à crise climática, se nada for feito para o impedir. Deste modo, é imperativo que os refugiados climáticos alcancem um maior destaque na agenda mediática e política, visto tratar-se de um assunto cada vez mais proeminente.

Quais são as causas da migração climática?

O impacto das alterações climáticas tem graves consequências para a vida, saúde e alimentação de áreas em desenvolvimento, levando a um aumento da migração. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, os fatores ambientais que causam a deslocação de migrantes nem sempre podem ser separados de aspetos políticos, sociais e económicos, a saber:

  • A escassez de recursos naturais como água e alimento podem resultar em tensões e até mesmo conflitos de guerra, que forçam a população a abandonar o local onde habita.
  • As catástrofes naturais, derivadas de alterações climáticas, têm vindo a aumentar e consequentemente aumenta também o número de emergências humanitárias e migrações de populações afetadas.
  • A subida do nível das águas do mar implica que os habitantes de pequenas ilhas e zonas costeiras vejam as suas condições de vida deteriorarem-se e, até mesmo, que os territórios se tornem inabitáveis e eventualmente desapareçam.
  • O impacto das alterações no clima e as suas consequências nas condições de vida, de saúde e de alimentação numa área em desenvolvimento pode aumentar a migração, agravando uma situação já de si complicada.

Para que compreendas melhor as dinâmicas subjacentes à migração climática, é preciso analisar contextos mais particulares. Geeta Maiti é residente da ilha de Mousuni nos Sundarbans indianos, lar de aproximadamente 13 milhões de pessoas. A região tem um riquíssimo ecossistema que conta com a maior floresta de mangais do mundo e várias centenas de espécies animais, incluindo o ameaçado tigre de Bengala – tudo isto pode desaparecer em poucas décadas. Em entrevista a Lisa Hornak e Erin Stone para o documentário “Losing Ground”, Geeta conta: “Estávamos tão aterrorizados com a água que entrava na casa e o som da tempestade. Diante dos meus olhos, as paredes da nossa casa desmoronaram-se”. Os Sundarbans são uma das zonas do planeta mais vulneráveis às alterações climáticas, com 70% da terra apenas a poucos metros acima do nível médio das águas do mar.

Vê o vídeo abaixo se quiseres aprender mais sobre os habitantes da ilha de Mousuni e os danos causados pelas alterações climáticas:

 

O que é preciso fazer para se combater este fenómeno?

É necessário identificar os efeitos das alterações climáticas em determinadas situações e conflitos para que se possa abordar e gerir o problema de maneira eficaz. Para isso, tem de haver um esforço de reconhecimento do fenómeno das alterações climáticas como uma ameaça urgente à paz e segurança internacional nas comunidades e governos internacionais. O que foi feito até agora pelos governos dos diversos países para ajudar a combater este fenómeno? Várias conferências e protocolos surgiram ao longo do tempo para discutir as ameaças ambientais, sendo o Acordo de Paris o mais atual.

Aprovado em 2015, é um pacto que pretende construir uma estratégia mundial de combate às alterações climáticas pós-2020, com tentativas de redução de emissões de gases poluentes. De acordo com um estudo publicado na revista “The Lancet Planetary Health” divulgado pela TSF, “milhões de pessoas poderiam ser salvas em cada ano se os países aumentassem as medidas para cumprir os objetivos do Acordo de Paris e impedir o aquecimento global”. É extremamente importante que lutes para que o teu governo continue a cumprir os objetivos propostos no Acordo de Paris: só assim é possível reduzir os danos e salvar o nosso planeta.

 

Referências

Fotografia da capa por: Erin Stone

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