De acordo com o relógio digital da Climate Clock, temos 7 anos para agir a tempo de salvar o nosso planeta. E, como é de conhecimento geral, a industrialização e o consumismo são algumas das razões para o aumento significativo da pegada ecológica deixada pelas atividades desenvolvidas pelo ser humano. Atualmente, a biocapacidade, um indicador da capacidade de regeneração do planeta e que consiste no potencial que uma determinada área, biologicamente produtiva, tem para gerar recursos renováveis e, ao mesmo tempo, suportar a agressão de poluentes do planeta, é muito menor do que a dimensão da pegada ecológica numa boa parte dos países do mundo. Deste modo, é imperativo desenvolver e pôr em prática medidas sustentáveis.
É de grande interesse reforçar a sensibilização dos indivíduos para uma cidadania desperta e informada face às problemáticas ambientais. Também não deve ser ignorada a preparação dos jovens para a implementação de formas de conduta que visam atingir uma vivência harmoniosa.
“Está em falta, nas escolas, uma disciplina dedicada à educação ambiental”. É esta a opinião de Paulo Cardoso, mestrando de Geografia Humana, Planeamento e Territórios Saudáveis, que, desde criança, tem colaborado em projetos ambientais. “Aprende-se sobre os solos, os oceanos e a biodiversidade. Se não são debatidos, em sala de aula, os objetivos de desenvolvimento sustentável, se não é daí que vamos capacitados para o secundário, como é que um dia, mais tarde, na universidade ou no mundo do trabalho, conseguimos cultivar estes pensamentos sustentáveis?”, contesta. É importante implementar nas escolas oportunidades de debate em que se discutam estratégias de educação ambiental e de desenvolvimento ecológico, de forma a instruir os jovens sobre uma Terra mais verde.
Crianças que aprendam os objetivos a atingir para um planeta sustentável e que são capacitadas neste tipo de educação, um dia, mais tarde, serão capazes de incluir estratégias em prol do ambiente no quotidiano tanto nas suas vidas pessoais como profissionais. É indispensável educar e estimular os mais novos para um futuro como adultos conscientes.
Foto de Neoenergia
Uma forma eficaz de introduzir o ambientalismo na aprendizagem dos mais novos é fazer uso de redes que implementam a educação climática nas escolas. Paulo Cardoso partilha algumas das suas experiências resultantes do seu envolvimento no projeto Eco-Escolas. Enquanto jovem ecologicamente consciente, revela interesse na natureza desde o ensino básico e começou a sua jornada de sustentabilidade através deste projeto da Associação Bandeira Azul da Europa. No ensino secundário, foi-lhe atribuído o cargo de jovem coordenador, por ter impulsionado o programa na Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, que, com a sua ajuda, ganhou duas bandeiras verdes.
Mais tarde, surgiu a oportunidade de se juntar ao Jovens Repórteres para o Ambiente, onde escreveu notícias, participou em seminários e fez reportagens e entrevistas em festivais de música, o que lhe abriu portas para, em 2018, se integrar também no Eco-Freguesias XXI. Jovem impulsionador, atingiu o seu objetivo de tornar Viseu mais verde e conquistou a vitória de ter duas Eco-Freguesias XXI no distrito. Com a sua partilha, ficamos a conhecer o caso de uma pessoa que, desde criança, se envolveu em projetos ambientais e, agora, anos mais tarde, implementa essas aprendizagens nos seus estudos e vida profissional.
“É uma causa muito jovem” a do tema das alterações climáticas, assegura Paulo. Esta temática ganhou especial relevo nos últimos anos e, muitas vezes, conseguimos ver os mais novos a ensinar as gerações mais velhas, quer seja através da influência que exercem para a reciclagem, quer seja através da partilha de estilos de alimentação e de vida mais sustentáveis. Na política, surgiram alguns partidos europeus e mundiais ligados à vertente ecologista e, gradualmente, torna-se mais acessível partilhar e comunicar sobre educação ambiental.
A Associação Bandeira Azul da Europa tem outros programas, para além do Eco-Escolas, como o EcoCampus, o EcoXXI e o Green Key, que consiste na promoção de turismo sustentável no país, disponíveis online. Também a Agência Portuguesa do Ambiente dispõe de informação sobre políticas do ambiente em Portugal.